sábado, 22 de maio de 2010

Wellington agiu só?

Inquérito é concluído e Wellington é o único suspeito
Profissionais de imprensa lotaram a sala de reuniões da Promotoria

Franck Figueira- Jornal do Dia

A equipe responsável pela investigação do Caso Konishi assegurou na manhã de ontem, em entrevista coletiva, que Wellington Raad da Costa matou sem ajuda de ninguém. A assessora do Ministério Público, Caroline Camargo Passos, 35 anos, e os filhos Marcelo Konishi, 17, e Vitória Konishi, 11, foram assassinados a facadas na noite da segunda-feira (10) entre 20h as 23h.
Profissionais de imprensa lotaram a sala de reuniões da Promotoria. O promotor Flávio Cavalcante, delegado Roberto Prata (DECIPE), Celson Pacheco (GTA), Alan Moutinho (DCCP), Emanuel Penha (perito criminal) e Antônio Dantas (papiloscopista) apresentaram detalhadamente todos os indícios que apontam Wellington Raad como o principal responsável pelas mortes bárbaras da família Konishi.
O delegado Celso Pacheco iniciou uma apresentação em slide com as principais provas do caso, cuja produção foi concluída ainda na madrugada de ontem. Um rápido histórico foi apresentado e em seguida a última foto da família, tirada no último sábado (8), dois dias antes do fatídico dia.

Armas. Segundo a equipe de investigações, Wellington usou duas facas para cometer o triplo homicídio. Elas foram reconhecidas em depoimento pela secretária da família.

Hipóteses. De acordo com o titular do GTA, delegado Celson Pacheco, as investigações reuniram inúmeras hipóteses que chegavam diariamente ao conhecimento dos titulares e das equipes envolvidas na investigação. Inicialmente foram observados o desaparecimento de vários objetos da residência dos Konishi, como aparelhos de celular de Caroline e Vitória, mochila de vitória e o vídeo game portátil de Marcelo.
Para a equipe de investigação, o aparelho celular de Marcelo deixado no local do crime foi um álibi usado pelo suposto assassino, e peça chave para esclarecer o crime. Uma vez que no dia em que encontraram os corpos, Wellington teria ligado várias vezes para Marcelo no horário que os corpos já teriam sido descobertos. “Essa foi a peça chave. Para nós foi de grande importância para se chegar ao Wellington, constatamos que foi um álibi”, disse Celson Pacheco.
Segundo Celson, o acusado depois de matar a família teria se encontrado com a namorada e uma amiga, na Praça da Caixa D’água do Buritizal, por volta de 23hs30m para lanchar. Em depoimento da namorada no dia 13 de maio, ela confirma que Wellington estaria com cheiro de “pitiú” (sangue). Ainda teria mostrado um celular de última geração a namorada, onde a mesma afirma que o namorado teria informado que o aparelho ainda não era dele. “Isso está no depoimento da namorada, inclusive do cheiro de sangue, depois de cometer a barbaridade foi comer sanduiche. Este celular era idêntico com o de Vitória Konishi”, conta o titular do GTA.
Ainda com depoimento da namorada, Wellington estaria na noite do crime na residência das vitimas.

Mochila. Ainda com informações da namorada e de uma amiga de Wellington, haviam identificado uma mochila cargueira de cor rosa com lilás. Indagado sobre a procedência da mochila pela namorada, Wellington de pronto teria dito que eram para largar que não pertenciam a ele. “A mochila foi identificada pela empregada da família, e ainda fomos a escola onde a pequena Vitória estudava. Eles confirmaram ser de Vitória a mochila”, explica o promotor.

As buscas. Após ouvir a namorada e colher informações importantes de Wellington (considerado amigo intimo da família assassinada), a equipe de investigação ouviu o principal suspeito do crime até então, e de imediato achou estranho o corte na palma da mão do acusado.
Após desdobramentos intensos das equipes por provas, no dia 14, surgiram os pertences das vitimas, o vídeo game de Marcelo, em um bueiro,na Rua 1º de maio, no Buritizal. “Começamos a ligar as coisas, e o bueiro ficava a caminho da casa da família de Wellington”, disse o promotor Flávio Cavalcante. No mesmo dia, a Politec anuncia a identificação de impressão digital e palmar do principal acusado na cena do crime.
Em busca na casa da família, os investigadores encontraram um cartão de memória. Após rápida análise, a equipe encontrou diversos vídeos e imagens pertencentes a Caroline Camargo.”Estamos apresentando a vocês um vídeo da vitima junto com o marido gravado perto do ano novo, ele estava com o cartão de memória de Caroline no seu guarda-roupa”.

Carros. A explicação sobre o abandono do carro de Caroline não foi bem detalhada. Embora a equipe ter apresentado um mapa detalhado do perímetro entre a casa da vitima até o Complexo do Araxá, a hipótese apresentada suspeitou que Wellington foi até o Complexo do Araxá no carro da vitima e voltado para o local do crime andando. “O trajeto é de apenas um 1km e meio, nós acreditamos nessa hipótese”, disse Flávio Cavalcante.
Análises de periciais garantiram que o veículo de Caroline não tinha mais de uma pessoa, somente o motorista. “No banco de trás havia muitos papéis, CDs, e objetos que mostraram que não havia passageiro, nenhum sinal de amassado ou quebrado foi apresentado”, conta Flávio.

Confissão. Logo a após a apresentação das provas, a equipe apresentou as primeiras filmagens do depoimento de Wellington, na madrugada do sábado (14). As filmagens mostram Wellington revelando o crime na frente dos advogados, promotores e delegados. “Ficamos com ele, em nenhum momento foi pressionado, revelou que agiu sozinho, mas não lembrava dos detalhes, mas só lembra que teria matado a família”, destacou Roberto Prata.

Laudos. Os investigadores anunciaram que o inquérito policial está concluído. Entretanto, não foram apresentados laudos técnicos da Politec. O delegado Roberto Prata informou que o caso não terá reconstituição, a não ser o surgimento de novos indícios ou resultados pendentes na Politec. O titular da Decipe foi categórico ao indicar Wellington como principal autor do crime. “Não temos duvida em relação a esse caso, ele confessou o crime, e temos um mão provas suficientes que ele matou a família de forma brutal”, reforçou.

Participação. Indagado sobre um depoimento em que Wellington revelava a presença de um oficial da policia, o promotor Flavio Cavalcante desmentiu o episódio. “Isso foi uma das invenções dele ao entrar no local do crime. Logo após, ele desmentiu, essa versão foi descartada pele equipe de investigação”, afirmou.

Brutalidade. A equipe anunciou que os cortes nas vitimas foram profundas. Segundo informações, o primeiro a morrer foi Marcelo com um golpe profundo no pescoço. Em seguida, Caroline seria a segunda vitima, onde teria recebido um golpe certeiro a altura da cervical, que baseado em análises periciais, perdeu totalmente o movimento do corpo. E por última, a pequena Vitória, que segundo as investigações, a única que lutou para não morrer. Em seus braços, havia marcas que apontavam uma reação aos ataques, que por fim, teria sido a mais violentada com mais de 40 facadas pelo corpo. Destaque para um golpe que quase decepou seu braço e outro a altura do pescoço, que retirou parte do cabelo. “Foi horrível o estado em que ficaram os corpos da vitima, foi uma crueldade muito grande.Tinha muito sangue pela casa, um rastro de sangue da sala para o quarto, cabelos ao chão e objetos revirados”, concluiu Roberto Prata.

Conclusão. Wellington Luiz Raad da Costa foi indiciado como incurso no artigo 121 (emprego de tortura e meio cruel) e IV (a traição e com uso de recursos que tornaram impossível a defesa das vitimas) combinado com artigo 61, inciso II, letra “h” (contra criança) e 69 (por três vezes) todos dispositivos do código penal.

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